Wednesday, 29 February 2012

Giordano Bruno




Campo de' Fiore, Rome










Rome in literature

Giordano Bruno (1548 – 1600), born in Nola (and therefore often referred to as the Nolan) here mentioned by James Joyce in “The Portrait of the Artist as a Young Man”.

Stephen Dedalus writing on his diary on the 24th of March following an initial discussion with his mother about religion…
“Then went to college. Other wrangle with little roundhead rogue’seye Ghezzi. This time about Bruno the Nolan. Began in Italian and ended in pidgin English. He said Bruno was a terrible heretic. I said he was terribly burned. He agreed to this with some sorrow. Then gave me recipe for what he calls ristto alla bergamasca. When pronounces a soft o he protrudes his full carnal lips as if he kissed the vowel. Has he? And could he repent? Yes, he could: and cry two round rogue’s tears, one from each eye.”

The statue of Giordano Bruno stands ominously silent at the centre of Campo de’ Fiore in Rome surrounded by the stands of flowers, fruit, vegetables and fish.

Giordano burned by the inquisition on this very same place.

The history of Campo de’ Fiori is long and interesting. Well worth a visit after a pizza in Pizzeria Montecarlo just around the corner.
I strongly recommend the pizza Montecarlo with a fried egg on top…



Panteão e as minhas pantomimices

“O meu avô Manuel é que tem razão quando me chama pantomineiro...” pensei maravilhado, enquanto visitava o Panteão de Roma.

O Panteão de Roma é algo de sublime e que merece um olhar muito atento e demorado.
Roma é infinita em termos de pontos de interesse que merecem visita e não é estática já que novos estudos, escavações e restauros propiciam sempre algo novo. Porém, qualquer visita minha a Roma repete sempre alguns locais (a começar por algumas pizzerias e trattorias) e o Panteão é um deles.

Tal como o nome indica - deriva do grego Pan (todos) theios (deuses) – foi um edifício dedicado a todas as divindades e ainda hoje o seu nome cristão (Santa Maria de Todos os Santos Mártires) alude a essa natureza. Para além de toda a sua história e beleza, merece destaque ainda o túmulo de Rafael que se encontra no interior do edifício.
Pan (todos) é pois um desses elementos que, pensando bem, encontramos com muita frequência. Começando pelo oposto de panteão, temos pandemónio que significa, no fundo, casa de todos os demónios e que actualmente significa caos, grande confusão ou, por outras palavras, o futebol do Sporting.
A caixa de pandora encerrava todos os males do Mundo, panorama em termos cinematográficos representava o plano que mostrava toda a cena ou imagem, panóplia que hoje geralmente designa diversidade de coisas, mas que significa todas as armas ou toda a armadura do cavaleiro, pandemia é o surto de uma doença que afecta toda a população (a epidemia é um surto num foco muito mais localizado e reduzido) e panaceia que seria supostamente capaz de eliminar todos os males (algo que na Irlanda se chama cerveja que é amplamente usado e que tem resultados que, não sendo perfeitos, são muito razoáveis).

Este pan (todos) não está, contudo, relacionado com pânico (que estaria relacionado com o medo e o horror causado pelo deus grego Pan ou Pã).

Importa ainda esclarecer que este pan (todos) também não está relcionado com a panela.

Parece que panela derivará do latim vulgar para panella, um diminuitivo para panna (frigideira).A tal pannella terá designado originalmente vasilhas de barro ou metal para cozer alimentos e parece que daí (talvez por semelhança física) se vulgarizou usar o nome de panelas para nádegas o que explica o paneleiro e talvez ainda por livre associação de ideias o panasca.

Embora fugindo um pouco ao tema central, esta nota pareceu-me pertinente para evitar desaguisados etimológicos em futuras trocas de insultos.

O pan (todos) está porém presente na pantomima – um género de teatro grego onde tudo era exprimido através de gestos ou mímicas – e, por fim, no pantomineiro que o meu avô Manuel, sempre de forma muito sagaz, me chama de forma muito carinhosa.


Por favor, quero uma tatuagem com “Vladimir Nabokov” no antebraço! Já!

Monday, 27 February 2012



Butelo à transmontana é o prato da moda

Os telejornais portugueses valem muito a pena. No fundo, são programas de variedades com espaço para a notícia séria, para o insólito e para o divertido. São informativos e também capazes de provocar um sorriso alegre e enternecedor.

Há poucos dias foi notícia nacional a apresentação oficial da confraria do butelo e da casula do concelho de Bragança. Ora, ao contrário do que se poderia imaginar, esta é uma notícia de âmbito global.

Levado por uma abordagem superficial arrisquei dizer que se tratava de uma notícia muito acessória e até provinciana. No entanto, fazendo um esforço para ler nas entrelinhas e para explorar o que ficou por dizer logo verifiquei – justiça seja feita ao jornalismo nacional – que do fabuloso butelo à transmontana se pode chegar muito longe.

Em latim a palavra para o que nós chamamos enchidos é o botulus (tão parecido com butelo e daí os espanhóis usarem a palavra embutidos para os enchidos). Para nós, gente de grande alcance, um chouriço é um chouriço, uma morcela é uma morcela, uma alheira é uma alheira e não me querendo alongar muito mais, o que interessa é que nós entendemos a importância e o carácter singulares que cada tipo de enchido merece. A tanto nos permite o nosso elevadíssimo QI e requintado bom gosto.

Acontece, porém, que há nações bárbaras e com dinheiro que insistem em simplificar o tema e em chamar a tudo isto salsicha (sausage). Não estando nos antípodas do nosso enchido, também não estará a dois passos dele e, para além disso, tem maior relação com o facto de ser algo salgado (salsica, salcicus ou seja preparado com sal).

Estas mesmas mentes pouco preparadas e experimentadas terão ganho uma certa inclinação para desconfiar da carne usada para os enchidos ou para as salsichas. Más línguas terão mesmo espalhado a ideia de que até carne de cão seria utilizada e esta mania descabida resultou nos famosos hot-dogs americanos.

Na verdade, a qualidade da carne usada e a forma de cozinhar os enchidos ou as salsichas nem sempre terão sido as melhores e no século XIX o médico alemão Justinus Kerner investigando a morte de alguns dos seus pacientes após ingestão de salsichas, descobriu que tal se devia a algo venenoso e decidiu chamar ao veneno botulinum toxin, mais tarde a bactéria foi identificada e denomindada Clostridium botulinum e daí se chegou ao botulismo.

Mas ainda há mais: essencialmente, o botulismo conduz à paralisia gradual do corpo até paralisar o coração da pessoa e resultar numa morte bastante desagradável.

Parece que já estou a adivinhar... ora, se pudessemos injectar uma pequena dose da toxina botúlica na face ou em outras partes do corpo, digamos que, por exemplo, para controlar ou paralisar espamos, isso poderia até contribuir para uma aparência mais jovem ainda que algo esquisita... e assim nasce o botox.
Tudo isto estava implícito na notícia acerca da confraria do butelo e pensando melhor era até bastante óbvio. Só não vê quem não quer ver.

Sunday, 26 February 2012

The Cello Suites: In Search of a Baroque MasterpieceLivro muito interessante para leigos como eu. Bach, as suites para violoncelo e o mistério que as envolve, Pau Casals e um regresso a El Vendrell e a San Salvador.
 
Talvez seja altura de sair do armário...

Armário deriva de armarium em latim e era o local onde os soldados romanos guardavam as suas armas. Daqui é um pequeno passo para armadilha, armadura, armada, armistício, armado-em-parvo e, arrisco mesmo, Armação de Pêra.
Voltando ao que interessa: sou um contabilista, um TOC, um guarda-livros e é altura de sair do armário e de o admitir.
O Fernando Pessoa foi guarda-livros e o Kafka foi algo de muito parecido e de igualmente aborrecedor.

Livros não são maus de guardar. Não são muito irrequietos.

Vivesse eu na Roma clássica e, provavelmente, trabalharia no Tabularium com vista sobre o Forum o que não seria nada mau.

O Tabularium actual, parte do magnífico Museu Capitolino, é local óptimo para um olhar atento sobre o Forum (especialmente à tarde, perto do pôr do sol) e também para ver exemplos dos arcos construídos pelos Romanos graças à utilização de técnicas e materiais até então desconhecidos ou não utilizados.

Ao arco os romanos chamavam, em latim, fornix (a forma abaulada dos arcos também deu em fornus para o que nós chamamos forno). É claro que debaixo de arcos e arcadas os nossos pensamentos fogem para a malandrice e para a libido e, por isso, era nestes locais que habitualmente as prostitutas ofereciam oportunidades de negócio e de prazer. Do fornix ao fornicatio e à fornicação foi um pequeno (e obviamente censurável e pecaminoso) passo.
Como havia dito, trabalhar no Tabularium não seria nada mau.






Saturday, 25 February 2012


Ser careca é ser Imperial

O Palatino (uma das sete colinas de Roma) proprciona uma vista previlegiada sobre o Circus Maximus.

É também uma colina que se estende por esse mundo fora já que de Palatino obtemos Palatium (morada modesta de Imperadores Romanos) e mais tarde os nossos palácios. Roma insinua-se em tantas partes das nossas vidas!

Os oficiais que defendiam o Palatium eram os Palatinus – ou seja, os nossos paladinos ou defensores obstinados de causas tão frequentemente perdidas – e, mais tarde, os bobos que animavam as cortes e os palácios obtiveram a denominação de palhaços.

Do outro lado do vale – o Forum Romano – temos o Capitolino (outras das sete colinas de Roma). O Capitolino, dedicado ao tempo de Júpiter – Jupiter Optimus Maximus – estende-se também de forma muito acentuada através de palavras como capitólio e capital. Todas, no fundo, derivando de do latim caput, ou seja cabeça, e do caput temos muitas outras palavras interessantes como por exemplo capitular (inicialmente sinónimo de chegar a acordo e só mais tarde usada para queda, cedância ou rendição), capítulo, cabelo (derivado do latim/italiano cappelo) e capilar.

Os problemas capilares de que padeço são, portanto, motivo de orgulho inusitado: aproximam-me de Roma clássica e isto justifica a inveja que pessoas com cabelo sentem de mim.
Explica também, sem dúvida, o meu ar Imperial! QED


Friday, 24 February 2012