Panteão e as
minhas pantomimices
“O meu avô Manuel
é que tem razão quando me chama pantomineiro...” pensei maravilhado, enquanto
visitava o Panteão de Roma.
O Panteão de Roma
é algo de sublime e que merece um olhar muito atento e demorado.
Roma é infinita
em termos de pontos de interesse que merecem visita e não é estática já que
novos estudos, escavações e restauros propiciam sempre algo novo. Porém,
qualquer visita minha a Roma repete sempre alguns locais (a começar por algumas
pizzerias e trattorias) e o Panteão é um deles.
Tal como o nome
indica - deriva do grego Pan (todos) theios (deuses) – foi um edifício dedicado
a todas as divindades e ainda hoje o seu nome cristão (Santa Maria de Todos os
Santos Mártires) alude a essa natureza. Para além de toda a sua história e
beleza, merece destaque ainda o túmulo de Rafael que se encontra no interior do
edifício.
Pan (todos) é pois um desses elementos que, pensando bem, encontramos com
muita frequência. Começando pelo oposto de panteão,
temos pandemónio que significa, no
fundo, casa de todos os demónios e que actualmente significa caos, grande
confusão ou, por outras palavras, o futebol do Sporting.
A caixa de pandora encerrava todos os males do
Mundo, panorama em termos
cinematográficos representava o plano que mostrava toda a cena ou imagem,
panóplia que hoje geralmente designa diversidade de coisas, mas que significa
todas as armas ou toda a armadura do cavaleiro, pandemia é o surto de uma doença que afecta toda a população (a
epidemia é um surto num foco muito mais localizado e reduzido) e panaceia que seria supostamente capaz de
eliminar todos os males (algo que na Irlanda se chama cerveja que é amplamente
usado e que tem resultados que, não sendo perfeitos, são muito razoáveis).
Este pan (todos)
não está, contudo, relacionado com pânico
(que estaria relacionado com o medo e o horror causado pelo deus grego Pan ou
Pã).
Importa ainda
esclarecer que este pan (todos) também não está relcionado com a panela.
Parece que panela
derivará do latim vulgar para panella,
um diminuitivo para panna
(frigideira).A tal pannella terá
designado originalmente vasilhas de barro ou metal para cozer alimentos e
parece que daí (talvez por semelhança física) se vulgarizou usar o nome de panelas para nádegas o que explica o paneleiro e talvez ainda por livre
associação de ideias o panasca.
Embora fugindo um
pouco ao tema central, esta nota pareceu-me pertinente para evitar desaguisados
etimológicos em futuras trocas de insultos.
O pan (todos)
está porém presente na pantomima – um
género de teatro grego onde tudo era exprimido através de gestos ou mímicas –
e, por fim, no pantomineiro que o meu
avô Manuel, sempre de forma muito sagaz, me chama de forma muito carinhosa.