Wednesday, 29 February 2012




Panteão e as minhas pantomimices

“O meu avô Manuel é que tem razão quando me chama pantomineiro...” pensei maravilhado, enquanto visitava o Panteão de Roma.

O Panteão de Roma é algo de sublime e que merece um olhar muito atento e demorado.
Roma é infinita em termos de pontos de interesse que merecem visita e não é estática já que novos estudos, escavações e restauros propiciam sempre algo novo. Porém, qualquer visita minha a Roma repete sempre alguns locais (a começar por algumas pizzerias e trattorias) e o Panteão é um deles.

Tal como o nome indica - deriva do grego Pan (todos) theios (deuses) – foi um edifício dedicado a todas as divindades e ainda hoje o seu nome cristão (Santa Maria de Todos os Santos Mártires) alude a essa natureza. Para além de toda a sua história e beleza, merece destaque ainda o túmulo de Rafael que se encontra no interior do edifício.
Pan (todos) é pois um desses elementos que, pensando bem, encontramos com muita frequência. Começando pelo oposto de panteão, temos pandemónio que significa, no fundo, casa de todos os demónios e que actualmente significa caos, grande confusão ou, por outras palavras, o futebol do Sporting.
A caixa de pandora encerrava todos os males do Mundo, panorama em termos cinematográficos representava o plano que mostrava toda a cena ou imagem, panóplia que hoje geralmente designa diversidade de coisas, mas que significa todas as armas ou toda a armadura do cavaleiro, pandemia é o surto de uma doença que afecta toda a população (a epidemia é um surto num foco muito mais localizado e reduzido) e panaceia que seria supostamente capaz de eliminar todos os males (algo que na Irlanda se chama cerveja que é amplamente usado e que tem resultados que, não sendo perfeitos, são muito razoáveis).

Este pan (todos) não está, contudo, relacionado com pânico (que estaria relacionado com o medo e o horror causado pelo deus grego Pan ou Pã).

Importa ainda esclarecer que este pan (todos) também não está relcionado com a panela.

Parece que panela derivará do latim vulgar para panella, um diminuitivo para panna (frigideira).A tal pannella terá designado originalmente vasilhas de barro ou metal para cozer alimentos e parece que daí (talvez por semelhança física) se vulgarizou usar o nome de panelas para nádegas o que explica o paneleiro e talvez ainda por livre associação de ideias o panasca.

Embora fugindo um pouco ao tema central, esta nota pareceu-me pertinente para evitar desaguisados etimológicos em futuras trocas de insultos.

O pan (todos) está porém presente na pantomima – um género de teatro grego onde tudo era exprimido através de gestos ou mímicas – e, por fim, no pantomineiro que o meu avô Manuel, sempre de forma muito sagaz, me chama de forma muito carinhosa.

No comments:

Post a Comment